Você acha que dinheiro traz felicidade? Ser rico é sinônimo de ser feliz? Certa vez, voltava de um dia pesado de trabalho, com muitas reuniões, problemas que não se resolviam e algumas horas extras que sugaram minhas energias. Enquanto estava voltando para casa, no ônibus cheio, pensei “vou passar no mercado e comprar algo gostoso para compensar meu atraso no jantar”.

Comprei as coisas mais doces e gordurosas possíveis e ao sair do mercado vi um homem sentado num banco de praça, tomando um refrigerante e cantando baixinho, com seus olhos fechados, não se importando com a opinião alheia, nem com quem estava por perto. Ele vestia roupas simples e chinelo, cabelo e barba por fazer.

Qual pessoa estava mais feliz nessa história? Será que aquelas muitas horas extras de trabalho pagaram a felicidade que eu buscava? Não quero dizer que devemos sair de nossos empregos e viver cantarolando em praças, ao “Deus dará, mas convido para uma reflexão sobre a busca exagerada pelo dinheiro na intenção de comprar a felicidade.

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No livro A Arte da Vida, de Zygmunt Bauman, encontramos o seguinte trecho:

(…) o gosto agradável da comida do restaurante ou os preços altos dos presentes dificilmente alcançarão o valor, em termos de felicidade agregada, dos bens que eles devem compensar: reunir-se em torno de uma mesa com comida preparada em conjunto para ser compartilhada, ou ter uma pessoa que nos é importante ouvindo com atenção uma longa exposição dos nossos pensamentos e provas semelhantes de atenção, compromisso e carinho amoroso.

Zygmunt Bauman

Em outro trecho, o Bauman conclui da seguinte maneira

Um dos efeitos mais seminais de igualar a felicidade com a compra de mercadorias que se espera que gerem a felicidade é afastar a probabilidade da busca da felicidade ter um fim. Essa busca nunca vai terminar

Zygmunt Bauman

Portanto, acumular bens, riqueza ou trabalho excessivo não é, necessariamente, um sinônimo de felicidade. O trabalho dignifica o homem e é necessário para nossa sobrevivência. Ter uma remuneração justa e poder dar o sustento digno para nossas famílias é imprescindível, não há mal em querer progredir na vida, mas devemos cuidar para não nos tornar escravos dessa obsessão pelo dinheiro.

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Para finalizar, penso que a felicidade está em momentos, gestos, ações que não podem ser precificadas, quantificadas, mensuradas.

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rafael maia

Rafael

Marido, pai e apaixonado por comunicação.